Zé ajeitou a alça da mochila de acampamento nos ombros,
virou-se para trás e quis saber.
-
Tudo pronto?
Baldo
moveu o queixo para baixo e para cima, como quem diz “sim”. Em seu ombro, Rimo
não mexeu uma pena. Abriu apenas os olhos enormes e fez cara de mau, como se
dissesse “sempre!”
Há
alguns passos dali, Margô beijava a testa de Caliel e afagava-lhe o rosto uma
última vez. Abandonara o jaleco de praxe e estava vestida feito a viajante sem
amarras que fora na juventude. No bolso esquerdo da calça, já estava guardado
um mapa elaborado de última hora, de acordo com descrições do anjo.
-
Vá com Deus, minha protegida – disse Caliel, tentando levantar-se.
- Descanse e amém! – respondeu rápido a doutora, pressionando o peito do outro,
forçando-o a interromper o movimento. Não gostava de estender as despedidas.
Batia-lhe um aperto estranho no coração quando isto ocorria.
As
portas do laboratório se abriram e o trio – ou melhor, quarteto, não se
esqueçam nunca do pequeno Rimo – deu os primeiros passos rumo a mais uma
aventura. O restante da equipe ficaria na base, para dar conta das entregas e
da demanda de clientes. Não era a primeira vez que o grupo dividia-se.
Dentro
do casarão, do alto da escadaria, Sorondo torcia sem eficácia o cabo de uma
vassoura. Uma gota amarga de agonia crescia-lhe na boca do estômago. Sabia que
em breve um conjunto de visões perturbadoras iriam lhe atormentar. Além disso,
naturalmente não se sentia bem longe da patroa e velha amiga.
- Lá vai ela, a caminho
do Inferno – pensou alto o mordomo.
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