Quando Margô chegou ao quintal, Sorondo já estava a postos, com um taco de bets nas mãos. Guardava a porta dos fundos, preocupado com o que viesse a surgiu da cratera.
O mordomo não ouviu a doutora chegar e quase a acertou com uma paulada, reação instantânea ao susto que levou quando a ruiva cutucou-lhe o ombro.
- Quer me matar do coração, doutora? – disse ele, ríspido.
- E você quer arrancar minha cabeça fora do pescoço? Acalme-se, homem – respondeu Margô.
Como sempre, a doutora procurava manter o controle da situação, mesmo se estivesse morrendo de medo – como, aliás, estava naquele momento.
Uma fumaça espessa saía do buraco, como se fosse uma chaminé. Assim, era impossível ver o que havia lá dentro. O casarão de Margô não tinha vizinhos, pois ficava afastado da cidade. Por isso, não havia nenhum curioso espichando o pescoço além dos muros. Eram só a doutora e Sorondo para dar conta da assustadora novidade.
- Chamo a Polícia? – perguntou Margô, que, apesar da pose de durona, no fundo, não sabia bem o que fazer.
Sorondo moveu a cabeça, dizendo que não. Em seguida, o mordomo avançou em direção à cratera, com o taco preparado para entrar em ação. A cada passo, a névoa encobria-o, deixando a doutora cada vez mais aflita.
Foi então que ela resolveu tomar uma atitude e voltou correndo para dentro de casa. Segundos depois, estava ela de volta, com um ventilador nas mãos, ligado a uma extensão.
A ruiva apertou o “liga” e apontou o vento em direção à fumaça, que aos poucos se dissipou. Sorondo tornou a aparecer, com cara de quem não estava entendendo ao certo o que ocorria.
E, da borda do buraco, uma mão muito branca surgiu.
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