18. O BEIJO

     Sorondo engoliu seco. Não tinha pensado neste pequeno detalhe financeiro! Porém, continuou disfarçando tranquilidade. Já as três meninas não mantiveram a pose. Beterraba e Celeste, ao verem Sanguinolência cerrando os punhos e pronto para esbofetear o primeiro nariz que visse pela frente, saíram correndo.
     Bromeja, trêmula de tanto pavor, tomava o mesmo caminho. Contudo, quando ela ia sair, Sorondo segurou-a pelo braço.
       - Me larga! Me larga! Eu quero ir embora daqui! Ela vai me transformar em salsicha!!!
      O mordomo, então, sussurou no ouvido da mulher.
      - Você não pode ir. Você é a razão de estarmos aqui.
      Se já estava apavorada, agora, Bromeja beirava a doideira. Ela empurrou, chutou, mordeu, bateu, pisou – mas, Sorondo não largou seu braço. Apesar de magricela, o homem tinha uma força fora do comum. Por que ela era a razão dos quatro estarem naquele inferno?
      - Eu quero ir emboraaaaaaaaaaaaaaaaaaaa!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
    O berro direto no ouvido de Sorondo não sensibilizou o mordomo. Ele continuou segurando Bromeja. Para completar a loucura da maluquinha, debaixo da sombra do chapéu de Sanguinolência, duas bolas vermelhas acenderam-se. Eram os olhos do homem enchendo-se de ódio...
     Imediatamente, Sorondo deu a ordem.
     - Bromeja, me dá um beijo!
     - O quê?
     - Me dá um beijo, mulher, se é que você quer continuar viva!
   Ela, que já estava para lá de apavorada, agora então são sabia para onde correr... Estavam todos malucos? O mordomo começava a lhe dar medo!
     Vendo que Bromeja não tomaria atitude, Sorondo inclinou-se e SMACK! – roubou um selinho!
     - Você está doido!!!!! – berrou ela novamente, com uma voz mais esganiçada que freio de bicicleta velha.
    Doido, doido não estava. Contudo, imediatamente após beijar a outra, Sorondo sentiu a cabeça rodar. Era uma pequena dose do tal vírus do amor correndo em suas veias – e fazendo efeito. Ele tentou se controlar, mas seu corpo foi ficando leve e um sentimento bom, confortável, brotou no coração. Estava apaixonado (só não sabia ainda por quem)!

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