17. O PEDIDO NEGADO

     Não demorou um milionésimo de segundo para Sorondo, Celeste, Beterraba e Bromeja perceberem que a visita do quarteto era completamente indesejada. Sanguinolência levantou-se da cadeira e cerrou os pulsos. Naquela pose ele parecia imenso – e muito mal. Até mesmo Sorondo recuou um passo.
     Em seguida, o dono do abatedouro amanhou uma folha de papel. Como da vez em que ele esteve no laboratório, uma frase toscamente escrita surgiu como um passe de mágica. Dizia, ou melhor, ordenava:
      “Sumam daqui!”
     Bromeja grudou nos braços de Celeste e Beterraba e arrastava as duas para o lado de fora. Ambas não mostraram muita resistência e já estavam de saída quando o mordomo as deteve.
Sorondo, então, respirou fundo, fechou os olhos e falou, disfarçando uma tranquilidade que não tinha no momento.
    - Vim trazer um recado da doutora Margô. Ela disse que a fórmula solicitada pelo senhor não será entregue.
     Sanguinolência urrou e violentamente amassou a folha que segurava. O homem então avançou três ou quatro passos e parou de frente a Sorondo – que desta vez não recuou, apesar de estar com as pernas bambas. As amigas, contudo, esconderam-se atrás do mordomo maluco. Nenhuma delas entendia suas intenções e por que ele dizia aquilo em nome de Margô.
     O grandalhão acalmou-se um pouco e desamassou o papel. Uma nova frase estava grafada:
     “Por que meu pedido não será entregue?”
     Sorondo respondeu imediatamente.
     - Criar uma fórmula anti-amor é impossível justamente para uma equipe que ama o que faz.
    Sanguinolência teve o impulso de mais uma vez amassar a folha encantada, mas, conteve-se e voltou a usá-la. Não da maneira mais educada:
     “ Vocês são uns vermes incompetentes!”
     Ele girou a folha e mais um elogio apareceu na outra face:
     “ Vocês têm ranho no lugar do cérebro!”
     Novo giro e nova – e última - frase:
     “Quero meu dinheiro de volta!!!!!!”
     Lembram-se do saco de moedas que o dono do abatedouro tirou debaixo do sobretudo quanto visitou o laboratório? Pois é, Sorondo não o trouxe consigo.

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